Sou Poeta, quero Cantar!

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

SIMPLICIDADE



Lembranças
Que não passam
Alegria da desgraça
Nas bençãos que "muiam" o chapéu
Tão queimado pelo sol
Da lida
"Supricando" a comida
Chorando a morte da "famía"
Sem sorte
Nascida no Ceará

Chovendo em lagrimas
A chuva despenca do céu
No telhado de cerâmica
"Muiando" que nem um véu
Pela fresta na telha
Goteira
Escorrendo na beira
Correndo no chão
Empapando o barro
Nos sulcos traçados
Pelo tempo
Deste quinhão

A chuva
Faz a alegria do nordestino
Do menino
É feijão na panela
É farinha no saco
É beiju no tacho
É mais lombriga nas "bariga" dos pivetes
Sem canivetes para matar
Comem o adobe da taipa
Sofrem com diarreia
Nariz sempre a escorrer
Hoje um vai morrer

A chuva vem chegando
Batizando o meu sertão
É o cabrito berrando
É a folha brotando
É o mandacaru florando
É a boca sorrindo
É o caboclo orando
É a terra dormindo
Pra "pranta" nascer

Caridade!
É a mão de Deus
Na sua simplicidade
Molhando
O meu sertão...


Alvaro de Oliveira Neto
Fortaleza 30/11/2015