Sou Poeta, quero Cantar!

segunda-feira, 30 de março de 2015

SOU VIDA

                       Sentar

sem sentir
sem escutar
sem ver
sem pensar

Na relva
como se fosse
selva

Receber
As caricias
Da briza
Da tarde
E sem alarde
Contemplar
No horizonte
O sol
A declinar
vendo o tempo
passar
vagarosamente
sem nada perceber

Buscar
Uma outra aurora
Num Suave
Tom
Sem hora

Cantar
Embalado
Pelo ar
Que mistura aromas
Do verde das folhas
Do frescor da água
canções
impressões
notas dissonantes
que se fazem alento
como o vento
como lagrimas
                                                     a escorrer
                                                     do pranto
transformando
o canto
o colorido primário
na tela celestial
em luz

Uma canção
Uma razão
Uma emoção
se desfaz
em devaneios

Um espelhar
De cores
Respinga
Odores
do véu
da bruma
                                                    do orvalho

O entardecer
Desfalece
Inebriado

Com o apagar
Do sol alado
Que inunda
O ocaso
De cores
Na fuga
trevas
escuridão

sensação
disforme
das formas
retilíneas e horizontais

No horizonte
o infinito
se desfaz
em finito

Meu olhar
Contempla
A beleza
A natureza
Seus encantos
sem nada pensar
sem agir
intuir
interagir

um vazio
toma conta
da alma
                                                      acalma

Não me isento
De murmurar
Um argumento
por que?
se estou só...

Sou o vento que flui
Sou a luz que encandeia
Sou o fogo que incendeia
Sou a terra que germina
Sou húmus que alimenta
Sou toda a cadeia
Sou ave sedenta

Alço um voo
fico a planar
nas longas
asas dos ventos
deslizando
momentos
sem medo
nas correntes
quentes
do velho Aracati

E neste
Devaneio
Que alimenta
Componho minha canção
mato a fome
no saciar
da oração
do escutar
sem nada
pedir

agradecer...

Na ação
No meu esteio
Nomeio

Sou fusão
Sou ebulição
Fogo que queima
Sou chama
Sou centelhas no ar
Sou voar
Sou
Somente
semente…
que cai na terra...
sou…
vida...
                                             Sou
                                             Eiva




Álvaro de Oliveira Neto
Orlando, 30/03/2015

domingo, 22 de março de 2015

Quando a beleza acontece

O essencial
É poder eternizar
Os momentos
As experiências
Se entregar
À obra do criador

Como únicos
Lapidares instantes

Como diamantes
Sem restauro

Carvão puro do solo
Que se diz eterno
Garimpado pela alma

Que da essência
Traz uma canção

Do espirito fecundador
Repousando
Sobre as aguas
Útero
Na dor
Incondicional
Uma emoção

Na passagem
Na procriação

Mesmo que da vida
Não se tenha resposta

Mesmo que ela passe
Sem reter na memória
Uma história
Um aprendizado

Mesmo que num vento alado
Tudo se transforme
E ocupe outros espaços

Aço sem corrosão

Ação do ser transformador

O incorruptível

Se fez carne
E das trevas o luz
E do ser o amor

Essencial
É estar presente
Quando
A beleza acontece...


Alvaro de Oliveira Neto
Orlando, 22/03/2014